No último final de semana uma grande polêmica sobre a distribuição do filme Boy Erased: Uma verdade anulada ganhou as redes sociais.
Inicialmente o filme seria distribuído no Brasil pela Universal Pictures e tinha estreia prevista para todos os cinemas do país no dia 1º de fevereiro. Entretanto, ao responder à pergunta de um espectador pelo twitter, a distribuidora afirmou que a estreia havia sido cancelada
Oi, Felipe. Infelizmente esse filme não será mais lançado pela Universal Pictures aqui no Brasil ?
— Universal Pictures (@UniversalPicsBr) January 31, 2019
Entretanto, logo em seguida, Mathew Shurka (advogado e co-fundador da Born Perfect, entidade que trabalha contra a ideia da “cura gay”) afirmou em seu twitter, que o filme estaria sendo alvo de censura.
BREAKING: We are receiving reports that the January release for @BoyErased had been canceled in Brazil. Local advocates are reporting censorship by the Brazilian government. More to come. #BornPerfect @FocusFeatures @TheBornPerfect https://t.co/X6vfVo5WWE
— Mathew Shurka (@MathewShurka) February 2, 2019
URGENTE: Estamos recebendo notícias informando que o lançamento de janeiro de @BoyErased foi cancelado no Brasil. Advogados locais estão denunciando a censura do governo brasileiro. Mais está por vir. #BornPerfect @FocusFeatures @TheBornPerfect
O Autor do livro Gerrard Conley também se manifestou sobre a informação, apagando o tweet logo após.
Em seguida o autor se manifestou novamente sobre o assunto:
We have been trained to be fearful of important content being denied, content that saves lives, bc it has happened to us before. (Side note: I find it dangerous to use the term “fake news” every time you believe someone is incorrect—we can do better than this word)
— Garrard Conley (@gayrodcon) February 3, 2019
Aparentemente há uma grande confusão – justificável, pois estamos ouvindo fontes em outros país (Brasil) – de que Boy Erased foi censurado. @TheBornPerfect está pesquisando sobre e irá compartilhar o que descobrir. Não vamos nos distrair da situação enfrentada pela comunidade LGBTQ. Fomos treinados para ter medo quando conteúdos importantes forem proibidos, conteúdos que salvam vidas. (Nota: eu acredito ser perigoso usar o termo “fake news” toda vez que você acreditar que alguém está incorreto – podemos fazer melhor uso dessa palavra)
O autor também informou em seguida que após divulgar as informações acima, passou a receber ameaças:
This has been a crazy day I will tell you about when a bunch of conservatives aren’t actively trying to smear my name in order to prop up a president whose human rights track record is abysmal
— Garrard Conley (@gayrodcon) February 4, 2019
Devo dizer que será um dia muito louco quando eu contar a vocês que não há um grupo de conservadores tentando manchar meu nome para sustentar um presidente cujo histórico com direitos humanos é péssimo.
Como o filme e livro abordam a história real do sofrimento passado por um garoto submetido pelos pais a um programa religioso e nefasto de “cura gay” numa igreja, a acusação de censura se daria em parte pelo fato de tal história ir de encontro com as crenças de parte dos componentes do governo atual, incluindo o presidente, Jair Bolsonaro.
O Presidente, inclusive se manifestou sobre o assunto em sua conta no twitter:
Fui informado de que um ator americano está me acusando de censurar seu filme no Brasil. Mentira! Tenho mais o que fazer. Boa noite a todos! ?
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 3, 2019
A Universal Pictures, em resposta ao site B9 informou que o cancelamento da estreia se deu unicamente por motivos comerciais. Aparentemente, seu escritório regional relatou, após análise, que o custo do lançamento superaria a expectativa de receita com a bilheteria. O filme, aliás não foi muito bem na bilheterias nos EUA, além de não ter recebido indicações ao Oscar.
A assessoria da Universal informou ainda que outro filme (Bem Vindo a Marwen, dirigido por Robert Zemeckis) também teve sua estreia cancelada pelo mesmo motivo e que Boy Erased deve ser distribuído par ao mercado de home vídeo ainda não primeiro trimestre.