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Resenha – Invasão Secreta

Quando pensamos em MCU e espionagem provavelmente a primeira coisa que vem na cabeça do espectador é Capitão América: Soldado Invernal (2014). Um filme super inchado de estrelas do universo Marvel, com a função de continuar o até legal mas maçante O Primeiro Vingador, dar a cara de uma Fase 2 que não tinha iniciado lá muito bem com Homem de Ferro 3 e Thor: Mundo Sombrio e ainda apresentar uma história de espionagem dentro desse mundo inchado de super seres. Foi um sucesso. Até hoje é considerado um dos melhores filmes do MCU e garantiu trabalho para os irmãos Russo por mais alguns anos depois.

Pois bem, agora estamos em 2023 e chega Invasão Secreta, uma série inchada de estrelas do universo Marvel, com a função de continuar a história de Nick Fury, perdida a não sabemos quantos filmes, dar uma cara para a fase 5, que não começou lá muito bem com Homem Formiga e a Vespa: Quantumania e ainda apresentar outra história de espionagem num mundo ainda mais inchado de super seres, com o extra de adaptar uma mega saga até bastante cultuada (mas não muito boa). Bem… acho que a palavra desastre define bem o resultado.

Continuação direta de Capitã Marvel (ou seria de Ultimato, ou talvez de Homem Aranha: longe de casa?) Nick Fury se vê obrigado a retornar a ativa após descobrir uma grande conspiração em que a raça alienígena Skrull está tentando dominar a Terra se utilizando de seus poderes metamorfos e substituindo grandes figuras políticas mundiais. Ao seu lado está seu amigo de longa data, Talos (Skrull apresentado em Capitã Marvel), mas do outro lado não se sabe exatamente quem, quantos ou quais estão a favor da invasão. Eles teriam substituídos até super heróis conhecidos de longa data?

Invasão Secreta tem erros e acertos muito comuns de todas as outras séries originais da Marvel para o Disney Plus. Excetuando WandaVision, Loki e Falcão e o Soldado Invernal, todas as outras tramas começam muito bem e desandam em algum nível, seja para mais ou para menos. A trama de Nick Fury acabou sendo mais um exemplo dessa falta de nivelamento.

Iniciando até muito bem, com uma morte grande logo no fim do primeiro episódio, parecia ao espectador que a história teria aquele clima de conspiração muito elogiado de Soldado Invernal. O segundo e o terceiro episódios ainda o mantiveram, mas as pontas criadas mais confundiam que criavam curiosidade. Da metade para frente, a trama se perde completamente em subplots malucos, mortes de personagens apresentadas quase sem emoção e plot twists (que deveriam ser o grande ápice) sendo revelados das formas mais bobas possível.

A invasão secreta propriamente dita se desenvolve da forma mais capenga possível, com Nick Fury frustrando plano a plano dos vilões a cada nova reviravolta com aquela sensação de “ahá, mas é agora que vem a minha verdadeira estratégia”. Tudo isso para culminar numa cena de lutinha, pew pew pew, e poderes especiais apresentados aos 45 do segundo tempo.

Skrulls em Invasão Secreta

Fora isso, dos pontos altos, temos apresentado aqui Gravik, um Skrull que já trabalhou com Nick Fury e acabou se decepcionando com o antigo diretor da SHIELD devido a uma promessa antiga não cumprida de encontrar um lar para os Skrull. Gravik acaba se tornando um extremista e arrebanha boa parte de seu povo para seu lado com a ideia de tomarem a Terra para si. Vale um elogio a Kingley Ben-Adir pela performance, que infelizmente do lado dos vilões, acaba por aí mesmo, sendo ele o único personagem bem apresentado.

Destaque também para Emilia Clarke que aqui interpreta G’iah, filha de Talos. Ela é apresentada como aquele clássico personagem sem lados que pode mudar a qualquer momento. Mas, apesar da performance da atriz a trama em si justifica muito pouco suas mudanças de lado. Outro grande destaque é Olivia Collman como Sonya Falsworth, uma agente do MI6 e amiga de Nick Fury, mas muito menos piedosa que ele.

A Mega Saga Invasão Secreta dos quadrinhos na época foi criada para trazer um soft reboot. Com Skruls escondidos em qualquer lugar e podendo ter substituído qualquer um, qualquer herói morto anteriormente poderia ser trazido de volta com a desculpa de que na verdade quem morreu fora um Skrull. Já a Série Invasão Secreta não parece ter um propósito. Entre alguns pouco bons personagens e ganchos deixados, ficou um gosto meio amargo das oportunidades perdidas.

Sinopse Oficial

Nick Fury trabalha com Talos, um Skrull alienígena metamorfo, para descobrir uma conspiração de um grupo de Skrulls renegados liderados por Gravik que planejam obter o controle da Terra se passando por diferentes humanos ao redor do mundo.

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Resenha – Halo – 1ª Temporada

Ficção científica adaptada dos clássicos games de Xbox entrega roteiro genérico, mas afinado.

Halo foi uma novela. Não a série em si, nem o game, mas a história por trás da adaptação em live action. Nos anos 2000 quase virou um filme pela Fox e depois pela Universal. Neil Blomkamp seria o diretor da obra que ainda contaria com a produção de Peter Jackson (na época bem mais badalado, saído de O Senhor dos Anéis) e sua Wetta Digital. Nem precisa dizer que nunca foi para frente. Neil chegou a produzir Distrito 9, um filme com alienígenas que tem uma identidade visual até bem semelhante ao game, mas Halo mesmo ficou na geladeira.

21 anos depois do primeiro game (Halo: Combat Evolved), finalmente conseguimos assistir as aventuras de Master Chief nas telas. Para quem nem acreditava mais que a produção veria a luz do dia, uma ótima surpresa. Para o resto do público que nem lembrava que a produção sequer foi anunciada e havia acabado de passar por Duna e Fundação, um belo marromenos.

Estamos no século XXVI. A humanidade conquistou o espaço e diversos planetas, mas enfrenta uma grande guerra contra a raça alienígena do Covenant, que considera os humanos hereges perante seus deuses. Os humanos por outro lado não são anjos e, liderados pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC na sigla em inglês), exploram diversas colônias espaciais e mantêm um jogo político que oprime diversos povos. No meio dessa guerra descobre-se a existência de dois artefatos que podem resolver definitivamente todos os conflitos. Cabe então a Master Chief, o lider dos Spartans (uma força militar de seres humanos melhorados geneticamente), buscá-los. Entretanto, nessa missão ele acabará questionando sua origens, suas ordens e seus líderes.

Produzir adaptações de games sempre foi difícil. Depois de grandes pérolas como Super Mario Bros e Street Fighter: A Batalha Final tivemos anos e anos de tentativas até vermos coisas boas como Silent Hill, Sonic e Arcane. O grande problema em geral envolve transformar 30 horas de história de um game em um filme de duas horas ou uma temporada de série de oito. Talvez o grande acerto da 1ª temporada de Halo seja exatamente o escopo: os 9 episódios adaptam uma parte reduzida do primeiro game da série e as maiores reviravoltas vão ficar para o futuro. Enquanto isso, acompanhamos um Master Chief (aqui representado por Pablo Schreiber) bem mais humanizado e que tira o capacete toda hora (para revolta dos fãs mais puristas).

Pablo Shreiber como Master Chief

A série se foca basicamente em três personagens: Master Chief em sua missão comandada pela UNSC em busca dos artefatos; Kwan Ha (interpretada pela novata Yerin Ha) a única sobrevivente da invasão à Madrigal (a primeira cena que eu citei no parágrafo anterior) que busca tentar salvar seu planeta das lideranças escolhidas pela UNSC; e Makee (Charlie Murphy), uma humana sequestrada ainda na infância pelo Covenant e que foi educada por eles para destruir a humanidade.

Em volta dessas três tramas a série vai expandindo conceitos e nos ensinando de forma bem didática que a UNSC tem objetivos bem escusos, em especial quando temos contato com a Dr. Halsey, lider científica do programa Spartan. Natascha McElhone interpretou muito bem o que é um dos personagens mais FDP’s dos games, num ponto que é impossível não senti raiva dela. Destaques também para os personagens de Bokeem Woodbine (Soren, um humano que fugiu do treinamento Spartan e virou contrabandista) e de Kate Kennedy (Kai 125, uma das soldados Spartan).

Soren e Kwan Ha

Mas o que Halo acertou tanto em personagens errou em roteiro e produção. A série não tem lá os maiores orçamentos do streaming, mas pedia um afinamento melhor com fotografia e cenários. Numa época com tantas produções de ficção científica de sucesso como Duna, Fundação, The Expanse e as novas série de Star Trek, é um pouco complicado ver como a identidade visual ficou genérica. Os planetas, colônias e até a base da UNSC não tem algo de diferente que faça o espectador enxergar além de um sci-fi básico. Nessa caso é inevitável compara com o game que consegue ser muito bom em ser diferente.

O roteiro não é exatamente ruim, mas tem algumas barrigas ao longo dos 9 episódios, provavelmente ocasionadas por falta de orçamento para mais cenas de ação. Há basicamente três grande cena de ação nessa temporada que de fato são de tirar o fôlego e mais um cena nos episódios 8 e 9 que também surpreende nos designs e na interpretação. Mas de resto, os diálogos e o desenvolvimento acabaram sendo um tanto travados. Vale lembrar que a história original de Halo também não das mais simples. A missão da adaptação era realmente difícil. Não foi um fracasso, mas faltou afinamento.

No geral, a produção da série decidiu deixar um pouco do game para trás e tentar fazer algo diferente, mais ainda bem alinhado com o roteiro original. Isso acabou dando muito certo em algumas coisas e bem errado em outras. No final o saldo é positivo, vale realmente assistir. Mas prepare para sentir um pouco de sono em alguns momentos.

SINOPSE OFICIAL

Durante o século 26, uma guerra se inicia entre os seres humanos e uma raça alienígena poderosa, conhecida como Covenant. Um confronto épico e futurístico que irá testar o planeta Terra como nunca. Através de vários personagens, perspectivas diferentes são introduzidas nos momentos de ação e drama.

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Resenha – Peacemaker – 1ª temporada (Sem Spoilers)

Logo que anunciada, a série do Peacemaker já levantou algumas dúvidas do público. Spin off de O Esquadrão Suicida (o de 2020, favor não confundir com Esquadrão Suicida de 2016), confirmada logo após o lançamento do filme, a produção deixou parte da audiência um tanto confusa com a escolha de James Gunn pelo anti heroi. O Esquadrão Suicida acertou exatamente no que sua contraparte de quatro anos antes errara: trouxe uma trama política praticamente desimportante para o Universo DC, uma equipe de personagens carismáticos e não teve pena nenhuma em fazê-los descartáveis de fato (como sempre foi a ideia por trás da equipe nos quadrinhos). E aí ficou a dúvida: de um filme em que tivemos ótimos Saguinário, Caça-Ratos 2, Tubarão Rei, porque James Gunn resolveu escolher justamente o personagem mais babaca de todos para criar sua série original?

O Peacemaker é exatamente o que parece ser: um babaca completo, machista, que se acha demais, mas, por trás de toda a pose de machão, e só um perdedor esperando o dia acabar para ir para casa chorar em posição fetal na sua cama. E ainda assim, apesar do pai (que falaremos melhor mais para frente) ele destaca muito bem nos primeiros minutos da série que não é racista e para provar isso, vai passar a matar mais brancos que negros. Esse personagem pode ser o astro de uma série? Não só pode, como James Gunn acertou em cheio em como lidar com ele e entregar na mão de John Cena a interpretação desse maluco.

Aqui, o Pacificador é Christopher Smith. Após quase ser morto pelo Sanguinário em O Esquadrão Suicida, Christopher recebe alta hospitalar e é novamente convocado para uma missão pela Amanda Waller. Entretanto, antes de começarmos a ver coisas explodindo novamente somos apresentados a vida pessoal de Chris: sua micro casa trailer; seu pai, um supremacista, membro da Ku Klux Klan e parte do 4º reich e que despreza completamente o filho; e ao Eagle, talvez um dos melhores mascotes já introduzidos em produções de quadrinhos. Sim, Eagle é uma Águia…

O pai de Christopher, Auggie Smith (aqui maravilhosamente bem interpretado por Robert Patrick, sim, o T-1000) além de ser um escroto, também é o responsável pelas armas do Pacificador. Auggie é um gênio tecnológico e tem casa um laboratório secreto onde desenvolve os capacetes do anti heroi, além de também ter uma identidade secreta (que não abordaremos aqui para evitar spoilers).

Por que histórias em quadrinhos sempre tem alguém com daddy issues?

Nesse cenário descobrimos a missão de Waller para a nova equipe e o Pacificador: o Projeto Borboleta. Uma aparente invasão alienígena de seres que conseguem invadir corpos humanos e aumentar sua força. Infiltrados na sociedade em pessoas de todos os tipos (de cidadãos normais a grandes políticos) esses seres tem alguma missão secreta que cabe a Christopher e sua equipe descobrir e frustrar.

A equipe aliás é um show a parte. A agente Harcourt (Jeniffer Holland), Economos (Steve Agee), Adebayo (Danielle Brooks), chefiados por Murn (Chukwudi Iwuji) trazem boa parte do humor da série. Christopher é extremamente non-sense e deslocado da sociedade e boa parte do ridículo disso é trazido a tona justamente pela equipe. Junte a isso também o Vigilante (Freddie Stroma) um amigo de longa data Chris que também é um psicopata assassino e acaba se unindo a missão no meio da série.

Em 8 episódios, Peacemaker consegue além de desenvolver uma trama clássica de quadrinhos que deixa você realmente curioso sobre o que vai acontecer em seguida; tratar um anti heroi escroto como o escroto que ele é de fato. James Gunn não teve vergonha de ridicularizar o nerd facista que existe em Chris, fazendo dele a maior piada de todas da trama. Isso, também demonstrando como o pai dele conseguia ser ainda pior e que o protagonista pode sim, abrir mão de toda a educação tóxica que recebeu e tentar seguir um novo caminho.

Aliás, a série vai muito além nas discussões sociais. O ponto principal ficou muito sobre em como a família pode ser tóxica na vida de alguém (ou alguéns como descobrimos mais a frente), mas também se discutiu bastante sobre masculinidade tóxica, racismo, relacionamentos gays, gordofobia e sobrou tempo até para uma trama ambiental. No final o saldo é totalmente positivo e fica a expectativa para como a DC vai tratar esses personagens nas próximas temporadas e no DCEU.

Falando em DCEU, vale destacar que a série inteira é permeada por menções a tudo que já vimos e não vimos até aqui. James Gunn encheu o roteiro de referências as herois que já vimos nos filmes e a personagens até bem obscuros dos quadrinhos. No último episódio quem for assistir pode inclusive esperar grandes aparições.

Menção honrosa para a abertura: James Gunn adora números musicais e aqui não podia faltar, claro. Ao som de Do ya really tasty (música que cabe perfeitamente a série) John Cena e os outros fazem a coreografia mais ridícula possível para apresentar a série.

Sinopse Oficial

Situado depois dos eventos de O Esquadrão Suicida (2021), a série reatrata as origens do super-herói Pacificador (John Cena), que ganhou uma segunda chance ao receber a missão de matar pessoas más. Em sua busca pela paz mundial, ele não se importatá de usar a força das armas.

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