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Resenha – Peacemaker – 1ª temporada (Sem Spoilers)

Logo que anunciada, a série do Peacemaker já levantou algumas dúvidas do público. Spin off de O Esquadrão Suicida (o de 2020, favor não confundir com Esquadrão Suicida de 2016), confirmada logo após o lançamento do filme, a produção deixou parte da audiência um tanto confusa com a escolha de James Gunn pelo anti heroi. O Esquadrão Suicida acertou exatamente no que sua contraparte de quatro anos antes errara: trouxe uma trama política praticamente desimportante para o Universo DC, uma equipe de personagens carismáticos e não teve pena nenhuma em fazê-los descartáveis de fato (como sempre foi a ideia por trás da equipe nos quadrinhos). E aí ficou a dúvida: de um filme em que tivemos ótimos Saguinário, Caça-Ratos 2, Tubarão Rei, porque James Gunn resolveu escolher justamente o personagem mais babaca de todos para criar sua série original?

O Peacemaker é exatamente o que parece ser: um babaca completo, machista, que se acha demais, mas, por trás de toda a pose de machão, e só um perdedor esperando o dia acabar para ir para casa chorar em posição fetal na sua cama. E ainda assim, apesar do pai (que falaremos melhor mais para frente) ele destaca muito bem nos primeiros minutos da série que não é racista e para provar isso, vai passar a matar mais brancos que negros. Esse personagem pode ser o astro de uma série? Não só pode, como James Gunn acertou em cheio em como lidar com ele e entregar na mão de John Cena a interpretação desse maluco.

Aqui, o Pacificador é Christopher Smith. Após quase ser morto pelo Sanguinário em O Esquadrão Suicida, Christopher recebe alta hospitalar e é novamente convocado para uma missão pela Amanda Waller. Entretanto, antes de começarmos a ver coisas explodindo novamente somos apresentados a vida pessoal de Chris: sua micro casa trailer; seu pai, um supremacista, membro da Ku Klux Klan e parte do 4º reich e que despreza completamente o filho; e ao Eagle, talvez um dos melhores mascotes já introduzidos em produções de quadrinhos. Sim, Eagle é uma Águia…

O pai de Christopher, Auggie Smith (aqui maravilhosamente bem interpretado por Robert Patrick, sim, o T-1000) além de ser um escroto, também é o responsável pelas armas do Pacificador. Auggie é um gênio tecnológico e tem casa um laboratório secreto onde desenvolve os capacetes do anti heroi, além de também ter uma identidade secreta (que não abordaremos aqui para evitar spoilers).

Por que histórias em quadrinhos sempre tem alguém com daddy issues?

Nesse cenário descobrimos a missão de Waller para a nova equipe e o Pacificador: o Projeto Borboleta. Uma aparente invasão alienígena de seres que conseguem invadir corpos humanos e aumentar sua força. Infiltrados na sociedade em pessoas de todos os tipos (de cidadãos normais a grandes políticos) esses seres tem alguma missão secreta que cabe a Christopher e sua equipe descobrir e frustrar.

A equipe aliás é um show a parte. A agente Harcourt (Jeniffer Holland), Economos (Steve Agee), Adebayo (Danielle Brooks), chefiados por Murn (Chukwudi Iwuji) trazem boa parte do humor da série. Christopher é extremamente non-sense e deslocado da sociedade e boa parte do ridículo disso é trazido a tona justamente pela equipe. Junte a isso também o Vigilante (Freddie Stroma) um amigo de longa data Chris que também é um psicopata assassino e acaba se unindo a missão no meio da série.

Em 8 episódios, Peacemaker consegue além de desenvolver uma trama clássica de quadrinhos que deixa você realmente curioso sobre o que vai acontecer em seguida; tratar um anti heroi escroto como o escroto que ele é de fato. James Gunn não teve vergonha de ridicularizar o nerd facista que existe em Chris, fazendo dele a maior piada de todas da trama. Isso, também demonstrando como o pai dele conseguia ser ainda pior e que o protagonista pode sim, abrir mão de toda a educação tóxica que recebeu e tentar seguir um novo caminho.

Aliás, a série vai muito além nas discussões sociais. O ponto principal ficou muito sobre em como a família pode ser tóxica na vida de alguém (ou alguéns como descobrimos mais a frente), mas também se discutiu bastante sobre masculinidade tóxica, racismo, relacionamentos gays, gordofobia e sobrou tempo até para uma trama ambiental. No final o saldo é totalmente positivo e fica a expectativa para como a DC vai tratar esses personagens nas próximas temporadas e no DCEU.

Falando em DCEU, vale destacar que a série inteira é permeada por menções a tudo que já vimos e não vimos até aqui. James Gunn encheu o roteiro de referências as herois que já vimos nos filmes e a personagens até bem obscuros dos quadrinhos. No último episódio quem for assistir pode inclusive esperar grandes aparições.

Menção honrosa para a abertura: James Gunn adora números musicais e aqui não podia faltar, claro. Ao som de Do ya really tasty (música que cabe perfeitamente a série) John Cena e os outros fazem a coreografia mais ridícula possível para apresentar a série.

Sinopse Oficial

Situado depois dos eventos de O Esquadrão Suicida (2021), a série reatrata as origens do super-herói Pacificador (John Cena), que ganhou uma segunda chance ao receber a missão de matar pessoas más. Em sua busca pela paz mundial, ele não se importatá de usar a força das armas.

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victorogerio

The author victorogerio

Editor do Super Literário e Editor do Super Cast