Biografias de músicos e bandas estão na moda em Hollywood. Depois de Bohemian Rhapsody e Rocketman, a próxima aposta foi a polêmica vida de Elvis Presley, no longa dirigido por Baz Luhrmann (de Moulin Rouge e O Grande Gatsby).
Elvis não tinha exatamente uma dificuldade muito grande na sua produção. A história real é boa e as músicas também. O conjunto da obra chegou ao Oscar, mas valeu?
Hollywood tem uma dificuldade muito grande em retratar figuras polêmicas. As recentes biografias de Freddie Mercury e Elton John mostram como sempre existe uma tendência a alterar fatos reais para tornar a história mais palatável e chapa branca ao público. Elvis não foi muito diferente. O personagem Elvis Presley sem dúvidas é um marco na história da música com boas histórias e ótimas músicas, mas o filme derrapa um pouco em abordar isso, evitando ao máximo a parte mais polêmica da vida do cantor.
O roteiro de Elvis sofre pela necessidade de fazer do filme um drama pessimista. À despeito de Elton John, que também teve uma vida de altos e baixos, mas Rocketman acaba sendo uma produção bem positiva e animada, a biografia de Elvis peca pelo pessimismo, abordando praticamente só o pior da vida do cantor.
O Tom piora ainda mais por ter o roteiro inteiro contado pela controversa figura de Tom Parker, que foi a vida inteira empresário do cantor e que através de contratos viciados conseguiu fazer da vida de Elvis um inferno. Tom Parker, sem dúvidas é o vilão da história e o roteiro deixa isso claro, mas é um pouco desconfortável ouvir toda a trama com a narração em off dele (aqui maravilhosamente bem interpretada por Tom Hanks). Não é o tipo de situação que você como espectador sentiria vontade de ouvir o vilão se explicando.
Ainda assim há alguns ótimos pontos na produção: a trilha sonora obviamente embalada pelos grandes sucessos de Elvis é impecável. Talvez até peque um pouco por não utilizar mais as músicas, masa aliada à voz de Austin Butler, o score ficou realmente espetacular. O próprio Austin é um ponto alto: sua interpretação, trejeitos e estilo ficaram perfeitos. A cena final que retrata o último show de Elvis em Las Vegas é impecável. Assistindo a comparação entre o filme e os registros é difícil até diferenciar qual de fato é o real.
No final a sensação é de que uma boa história foi contada, mas pelo ponto de vista da pior pessoa possível envolvida. Nos Oscar talvez valha uma estatueta para Austin Butler, mas Melhor Filme já é demais.
Elvis está disponível no HBO Max e nas plataformas de aluguel de filmes. O longa foi indicado a 8 Óscars incluindo Melhor Filme e Melhor Ator.