Já dizia o filósofo: chifre é igual consórcio, um dia todo mundo será contemplado. Traições, aliás são até um clichê muito utilizado em roteiros de todos os gêneros. E então hoje listaremos 4 personagens que foram chifrados na ficção, cada um com uma peculiaridade diferente. Spoiler: não teremos Bentinho de Dom Casmurro nessa lista pois o editor considera que não houve traição no livro e ele só era uma maluco com síndrome de inferioridade.
1 – Robert Baratheon – Game of Thrones
Ok, livros com temática fantástica medieval tendem a ter relacionamentos abusivos e/ou doentis, mas talvez com Robert Baratheon e Cersei Lannister alguns limites tenham sido ultrapassados. Em primeiro lugar vale sempre lembrar que Robert é um escroto: ainda que ele estivesse amargurado pela perda de seu grande amor, nada justifica a forma como ele tratou Cersei a vida inteira (incluindo os chifres que ele botou nela). Por outro lado, não é como se ela fosse a pessoa mais sã do mundo também, com as diversas tramoias planejadas por ela e que você vai descobrindo ao longo da trama de Guerra dos Tronos. Ambos já se traíram diversas vezes, com pessoas diferentes, mas talvez nada supere o caso que Cersei tem com o próprio irmão, Jaime Lannister, que aliás, é o pai verdadeiro dos príncipes herdeiros da coroa de Westeros.
2 – Frank Randall – Outlander
Se Robert Baratheon é um escroto, Frank Randall não fica muito atrás. Ou melhor, depende da versão: o Frank da série é bem suavizado perto da versão original do livro. Ele é casado com Claire, a protagonista de Outlander. Ambos se separam pouco tempo depois da cerimônia por causa da guerra e, quando finalmente podem curtir a lua de mel, alguns acontecimentos fazem com que Claire viaje para o passado e conhece o honrado (e gostoso) soldado escocês Jamie Fraser, com quem por quem se apaixona. Ou seja, Frank talvez seja o primeiro caso de corno DeLorean da literatura. Sem dar spoilers do motivo, vale dizer que, na minha humilde opinião, Frank merece todo e qualquer chifre que a Claire resolver colocar nele.
3 – Clifford Chartterley – O Amante de Lady Chartterley
Mais uma guerra que separa casais e traz prejuízo para a vida conjugal. Clifford e Connie tão logo se casam, já são separados e, quando o marido retorna a casa, está paralisado da cintura para baixo. Ambos se recolhem a propriedade de campo de Clifford que resolve se dedicar a sua carreira literária e fica cada vez mais afastado da esposa. Connie então acaba se apaixonando por Oliver Mellors, o guarda caça da fazenda. Em dado momento Clifford acaba tendo um caso com sua enfermeira. Aqui, a traição tem uma coisa peculiar: Connie é uma personagem livre e que sempre teve sua vida sexual muito bem resolvida, inclusive antes do casamento (para escândalo da sociedade da época que o livro foi publicado) e Clifford aparentemente não está tão incomodado com a traição, mas sim com o fato de isso vir a público e manchar sua imagem.
4 – Eurico: – O Auto da Compadecida
Clássico da literatura nacional, que virou também um clássico do cinema. O Auto da Compadecida é um retrato da vida brasileira demonstrado através de personagens em caricaturas. Principalmente no que envolve Eurico e Dora. A história do livro se desenvolve em várias tramas que vão se interligar no final quando vários dos personagens vão ao julgamento final perante Jesus Cristo. Um dos pecados do julgamento é justamente pelo fato de que Dora traiu Eurico diversas vezes. Suassuna foi muito feliz em subverter os dois estereótipos: o do homem nordestino “cabra-macho” e da mulher subserviente existindo todo um estudo por trás dessa relação quando ambos recebem o julgamento. E no final há uma grande desconstrução da expectativa do que se esperava de ambos (alias, de todos os personagens da trama).
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