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Ficção científica adaptada dos clássicos games de Xbox entrega roteiro genérico, mas afinado.

Halo foi uma novela. Não a série em si, nem o game, mas a história por trás da adaptação em live action. Nos anos 2000 quase virou um filme pela Fox e depois pela Universal. Neil Blomkamp seria o diretor da obra que ainda contaria com a produção de Peter Jackson (na época bem mais badalado, saído de O Senhor dos Anéis) e sua Wetta Digital. Nem precisa dizer que nunca foi para frente. Neil chegou a produzir Distrito 9, um filme com alienígenas que tem uma identidade visual até bem semelhante ao game, mas Halo mesmo ficou na geladeira.

21 anos depois do primeiro game (Halo: Combat Evolved), finalmente conseguimos assistir as aventuras de Master Chief nas telas. Para quem nem acreditava mais que a produção veria a luz do dia, uma ótima surpresa. Para o resto do público que nem lembrava que a produção sequer foi anunciada e havia acabado de passar por Duna e Fundação, um belo marromenos.

Estamos no século XXVI. A humanidade conquistou o espaço e diversos planetas, mas enfrenta uma grande guerra contra a raça alienígena do Covenant, que considera os humanos hereges perante seus deuses. Os humanos por outro lado não são anjos e, liderados pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC na sigla em inglês), exploram diversas colônias espaciais e mantêm um jogo político que oprime diversos povos. No meio dessa guerra descobre-se a existência de dois artefatos que podem resolver definitivamente todos os conflitos. Cabe então a Master Chief, o lider dos Spartans (uma força militar de seres humanos melhorados geneticamente), buscá-los. Entretanto, nessa missão ele acabará questionando sua origens, suas ordens e seus líderes.

Produzir adaptações de games sempre foi difícil. Depois de grandes pérolas como Super Mario Bros e Street Fighter: A Batalha Final tivemos anos e anos de tentativas até vermos coisas boas como Silent Hill, Sonic e Arcane. O grande problema em geral envolve transformar 30 horas de história de um game em um filme de duas horas ou uma temporada de série de oito. Talvez o grande acerto da 1ª temporada de Halo seja exatamente o escopo: os 9 episódios adaptam uma parte reduzida do primeiro game da série e as maiores reviravoltas vão ficar para o futuro. Enquanto isso, acompanhamos um Master Chief (aqui representado por Pablo Schreiber) bem mais humanizado e que tira o capacete toda hora (para revolta dos fãs mais puristas).

Pablo Shreiber como Master Chief

A série se foca basicamente em três personagens: Master Chief em sua missão comandada pela UNSC em busca dos artefatos; Kwan Ha (interpretada pela novata Yerin Ha) a única sobrevivente da invasão à Madrigal (a primeira cena que eu citei no parágrafo anterior) que busca tentar salvar seu planeta das lideranças escolhidas pela UNSC; e Makee (Charlie Murphy), uma humana sequestrada ainda na infância pelo Covenant e que foi educada por eles para destruir a humanidade.

Em volta dessas três tramas a série vai expandindo conceitos e nos ensinando de forma bem didática que a UNSC tem objetivos bem escusos, em especial quando temos contato com a Dr. Halsey, lider científica do programa Spartan. Natascha McElhone interpretou muito bem o que é um dos personagens mais FDP’s dos games, num ponto que é impossível não senti raiva dela. Destaques também para os personagens de Bokeem Woodbine (Soren, um humano que fugiu do treinamento Spartan e virou contrabandista) e de Kate Kennedy (Kai 125, uma das soldados Spartan).

Soren e Kwan Ha

Mas o que Halo acertou tanto em personagens errou em roteiro e produção. A série não tem lá os maiores orçamentos do streaming, mas pedia um afinamento melhor com fotografia e cenários. Numa época com tantas produções de ficção científica de sucesso como Duna, Fundação, The Expanse e as novas série de Star Trek, é um pouco complicado ver como a identidade visual ficou genérica. Os planetas, colônias e até a base da UNSC não tem algo de diferente que faça o espectador enxergar além de um sci-fi básico. Nessa caso é inevitável compara com o game que consegue ser muito bom em ser diferente.

O roteiro não é exatamente ruim, mas tem algumas barrigas ao longo dos 9 episódios, provavelmente ocasionadas por falta de orçamento para mais cenas de ação. Há basicamente três grande cena de ação nessa temporada que de fato são de tirar o fôlego e mais um cena nos episódios 8 e 9 que também surpreende nos designs e na interpretação. Mas de resto, os diálogos e o desenvolvimento acabaram sendo um tanto travados. Vale lembrar que a história original de Halo também não das mais simples. A missão da adaptação era realmente difícil. Não foi um fracasso, mas faltou afinamento.

No geral, a produção da série decidiu deixar um pouco do game para trás e tentar fazer algo diferente, mais ainda bem alinhado com o roteiro original. Isso acabou dando muito certo em algumas coisas e bem errado em outras. No final o saldo é positivo, vale realmente assistir. Mas prepare para sentir um pouco de sono em alguns momentos.

SINOPSE OFICIAL

Durante o século 26, uma guerra se inicia entre os seres humanos e uma raça alienígena poderosa, conhecida como Covenant. Um confronto épico e futurístico que irá testar o planeta Terra como nunca. Através de vários personagens, perspectivas diferentes são introduzidas nos momentos de ação e drama.

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victorogerio

The author victorogerio

Editor do Super Literário e Editor do Super Cast