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[Maratona Oscar] – Resenha – Maestro

Sobre uma figura não tão cultuada da cultura pop, Maestro traz uma biografia bem musical de Leonard Bernstein.

Leonard Bernstein não é uma figura tão conhecida nos dias atuais, mas a sua época carregou um certo nível de polêmica e controvérsia. Bissexual, o maestro teve um relacionamento de mais de 30 anos com a atriz chilena Felicia Montealegre, ao mesmo tempo em que mantinha casos com diversos homens. Incomum para os conservadores ano 60/70, os affairs de Leonard era conhecidos por sua esposa e funcionavam como um acordo do casal.

Maestro procura lançar luz sobre esse relacionamento ao mesmo tempo que usa música, teatro e cinema como pontes entre os vários momentos da vida de Leonard e Felícia. Desde a primeira grande apresentação do maestro, quando ainda apenas um assistente que acabou tendo a chance de substituir a atração principal da noite, passando pela subida na carreira de atriz de Montealegre, pelos noivados até finalmente chegarem seus três filhos e como a complicada relação afetou a vida de todos.

Em termos de biografia, Maestro é bem mais competente que Oppenheimer em contar a vida de um personagem histórico e aliar sua temática (no caso aqui a música) a cinematografia da trama. A primeira hora de filme é em preto e branco representando bem a época em tudo está acontecendo. Várias transições de cena são feitas em plano sequência. O apartamento do jovem Leonard vira rapidamente o palco de sua primeira grande apresentação. O jantar bucólico de campo do casal, de repente leva ambos para dentro de um teatro para que o maestro apresente à sua amada sua novas criações. Isso traz uma dinâmica bem interessante ao desenvolvimento dos personagens.

A grande falha aqui talvez seja a forma como a direção de Bradley Cooper leva os affairs de Leonard. Vários homens passam pela vida dele ao longo das 2h 9m do longa. Mas de fato nenhum deles é bem aprofundado. Alguns até ganham alguma importância, geram conflitos, mas fica sempre a sensação de são apenas um revés no casamento, sendo que na realidade Bernstein teve verdadeira relações amorosas com vários desses amantes.

Vale destaque para a trilha sonora, pautada em grandes clássicos orquestrados e para a maquiagem. Bradley Cooper e Carey Mulligan vivem por volta de 30 anos da vida do casal principal da trama e a maquiagem e o figurino demonstraram mais que perfeitamente a passagem de tempo. A parte mais triste que vem ao final com o câncer de Felícia sacramenta Carey como uma das melhores atuações desse ano.

Maestro não é um dos favoritos à estatueta de melhor filme, mas cumpre muito melhor a missão de ser uma biografia que a outra que também está indicada ao prêmio.

Maestro está disponível na Netflix e foi indicado a 7 Oscars incluindo Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiros original.

Tags : filmesmelhor filmenetflixoscar 2024
victorogerio

The author victorogerio

Editor do Super Literário e Editor do Super Cast