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[Maratona Oscar] – Resenha – Os Fabelmans

Spielberg volta novamente às telas para contar uma história mais que pessoal. Os Fabelmans é praticamente a autobiografia do renomado diretor com algumas licenças poéticas que, ao mesmo tempo, conversa muito sobre as origens do cinema.

Apaixonado por filmes desde a primeira vez em que foi ao cinema, o jovem Sammy Fabelman decide produzir seus próprios em casa e com amigos. Mas tomar a grande decisão de dedicar a sua vida à sétima arte não será simples, quando confrontada por seus familiares e por vários reveses.

Os Fabelmans é a declaração de amor de Spielberg ao cinema, ao mesmo tempo que deixa bem claro tudo que é preciso sacrificar para correr atrás do universo da sétima arte. Somando uma autobiografia com uma grande metalinguagem sobre as origens do cinema americano, o filme emociona e traz ao espectador algumas reflexões profundas sobre a difícil vida por trás da produção artística.

A trama é desenvolvida seguindo a família que dá nome a história, com foco no único filho homem, Sammy, que se apaixona pelo cinema depois que seus pais o levam para assistir a O Maior Espetáculo da Terra. A paixão, no entanto se torna um conflito entre o pai e a mãe. Burt (Paul Dano) sempre é a voz que tenta impedir o filho de voar muito alto e quer que ele se dedique a outras coisas. Mitzi (Michelle Williams) dá força a se dedicar à arte e também é quem o presenteia com sua primeira câmera. Esse conflito aliás é o que acaba conduzindo o roteiro em alguns momentos.

Através dos anos e do crescimento de Sammy, a obra discute sobre como o diretor e o artista por trás de cada produção consegue enxergar coisas que ninguém mais vê. Toda a família, amigos e até inimigos (em dado momento o garoto passa a sofrer bullying na escola) são impactados de alguma forma pelo olhar artístico e a produção que ele desenvolve. Mas há também o revés e a análise sobre como um artista pode acabar as vezes tão apaixonado pela sua obra que esquece de seus afetos e amores.

Spielberg consegue muito bem desenvolver duas tramas em paralelo, entre a família Fabelman e como o cinema foi evoluindo a longo dos anos em que a história se passa. Talvez o único problema do filme envolva uma certa lentidão no terceiro ato, justamente quando Sammy acaba se decepcionado e para de produzir seus filmes. O filme tem 2h e 31 min que talvez sejam demais. Talvez uma encurtada em alguns detalhes pudesse dinamizar a obra. Em especial porque, como vários acontecimentos são tirados da vida do próprio Spielberg, o roteiro ganhou uma certa aleatoriedade (a vida é aleatória, um roteiro de filme em geral não deve ser) que causa certa estranheza em alguns trechos.

Mas, sem dúvida, é um filme que todo o amante do cinema deve consumir. Os Fabelmans é a declaração de amor e ódio de Spielberg à sétima arte.

Os Fabelmans não está disponível no catálogo de nenhum streaming, mas pode ser alugado nas lojas on demand. O filme foi indicado a 7 Oscars incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor atriz.

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[Maratona Oscar] – Resenha – Tar

Dá pra classificar Tár como uma biografia fake. Você pode até não acreditar, mas Lydia Tár não existe. E depois de ver o filme você vai continuar duvidando disso.

Tár marca a volta de Todd Field à direção depois de 16 anos e desenvolve roteiro sobre uma figura polêmica e cancelamento. Vale Óscar?

Lydia Tar é uma “maestro” (como ela mesma gosta de ser chamada) que atingiu o ápice. Ganhou o EGOT (quando uma mesma pessoa ganha um Emmy, um Grammy, um Oscar e um Tony Awards), se tornou titular da Filarmômica de Berlim e está no auge de sua carreira como musicista. O filme já se inicia com uma longa entrevista com Tár onde ela deixa claro que se considera intocável. Ela talvez fosse um personagem perfeito para estar no cruzeiro de Triângulo da Tristeza.

Tár estabelece discussões profundas sobre gênero, cultura de cancelamento e se dá para separar o autor da obra. O roteiro se desenvolve como um grande quebra cabeça, as vezes demorando para captura você. A primeira hora de filme se passa basicamente em três únicas e longa cenas. A abertura com a entrevista a maestro norteia boa parte do que vai acontecer nos atos seguintes. O início é bem lento, mas em dado momento a trama passa a ser frenética.

Lydia é quase uma vilã. Uma personagem que por se considerar o topo de uma categoria tornou-se cruel, intimidadora e ditatorial. Na primeira hora de filme o espectador captura alguns sinais dessa crueldade, como no momento em que ela chega a ameaçar uma criança que está praticando bullying com a sua filha ou em como ela trata seus alunos e os músicos com quem trabalhar em orquestra.

Todd Field trabalha o roteiro muito nos diálogos. É necessário prestar atenção em detalhes para entender coisas que acontecerão mais a frente. As cenas longas e o diálogos até muito técnicos sobre música compõem toda a aura de que você está perdendo algo e está de fato. Mas você só vai perceber isso no momento certo.

O grande problema começa a ocorrer quando a trama se direciona ao final. O filme que até aquele momento parece ser lento na medida certa para estabelecer detalhes sobre aquela pessoa cai em alguns clichês desnecessários de suspense. A tentativa de sátira talvez seja o maior ponto fraco do roteiro: quando acontece é óbvia. Fica parecendo quase que o diretor deu uma piscadela e apontou para onde o espectador deveria olhar.

O maior mérito de Tár talvez tenha sido fazer você acreditar na personagem. Ela não existe, mas é muito real e você provavelmente conhece alguém assim. É preciso também fazer um destaque à interpretação de Cate Blanchett. Nos momentos em que o roteiro falha, ela sem dúvidas carrega a trama e brilha!

Tár está disponível nos cinemas e foi indicado a 6 Óscars incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro

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[Maratona Oscar] – Resenha – Triângulo da Tristeza

Zoar ricos está na moda e Triângulo da Tristeza faz isso muito bem. O problema mesmo é terminar a história.

Triângulo da Tristeza vem como a grande sátira da categoria Melhor Filme do Oscar 2023. Com um elenco afinado e boa motivações (ou falta delas) o filme consegue somar clichês e inovações. Mas vale um estatueta?

Num iate de luxo figuras pitorescas (desde um bilionário russo anti comunista, até um casal de modelos em crise emocional) vão se reunir e vivenciar situações reais e situações absurdas. Não há exatamente um começo, não há exatamente um fim. O que importa é perceber o quão vazias são essas pessoas, enquanto você também testemunha a vida das pessoas que trabalham para elas.

Triângulo da Tristeza é aquele filme que não tem exatamente um protagonista. O casal inicial Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) tomam a maior parte do tempo de tela, mas é difícil chamá-los de principais. O primeiro ato aliás é basicamente apenas com eles, passando pelo candidatura de Carl a uma vaga como modelo e por um jantar com ambos em que passamos 20 minutos ouvindo uma discussão completamente sem propósito sobrem quem deve pagar a conta.

Quando finalmente chegamos ao cruzeiro e somos apresentados às figuras mais malucas o possível, como um casal de pacatos senhores ingleses que são donos de granadas ou um ricaço russo que faz questão de deixar claro que é anti comunista a todo momento, o roteiro vai tomando forma e mostrando que o foco aqui é satirizar grande figuras de alta classe. O roteiro é até um tanto didático em apresentar cada uma delas, mas no final não há muito o que esperar deles.

A ideia não é novidade como é possível ver em produções como White Lótus e O menu, mas a originalidade de Triângulo da Tristeza está, além do roteiro, na cinematografia. Ao longo do segundo ato no iate as situações mais simples possíveis são mescladas a situações absurdas da forma natural. Isso eu credito principalmente à fotografia e aos ângulos que parecem quase um documentário. Aqueles personagens são completamente perdidos e parece que simplesmente a câmera foi ligada e os gravou. Mesmo nos momentos mais surtados a sensação de realidade permanece.

Toda a equipe que trabalha no iate também é um show a parte. Eles são basicamente o testemunho do espectador: as pessoas normais que estão a mercê daquele bandos de malucos. Eles trazem a sobriedade à trama e a lembrança de que, sim, você não está maluco e aquele milionários são basicamente os vilões da história.

O filme derrapa um pouco no final. Quando o iate naufraga (não é spoiler, está no trailer) começa a parte mais surreal de fato da história e o filme poderia ter brilhado. Mas o final mesmo é um tanto covarde em não dar o desfecho ao espectador. A partir dos acontecimentos você mesmo decide qual o seu final, mas não há subsídio para se ter certeza do que aconteceu.

Acima de tudo, Triângulo da Tristeza mostra claramente que dinheiro não necessariamente garante bom senso ou bom gosto. Vale uma estatueta? Talvez, mas vai precisar brigar com outros que tem o roteiro bem melhor solucionados.

Triângulo da Tristeza está disponível nos cinemas e no Amazon Prime Video. O Longa foi indicado a a 3 Oscars incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro original.

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[Maratona Oscar] – Resenha – Elvis

Biografias de músicos e bandas estão na moda em Hollywood. Depois de Bohemian Rhapsody e Rocketman, a próxima aposta foi a polêmica vida de Elvis Presley, no longa dirigido por Baz Luhrmann (de Moulin Rouge e O Grande Gatsby).

Elvis não tinha exatamente uma dificuldade muito grande na sua produção. A história real é boa e as músicas também. O conjunto da obra chegou ao Oscar, mas valeu?

Hollywood tem uma dificuldade muito grande em retratar figuras polêmicas. As recentes biografias de Freddie Mercury e Elton John mostram como sempre existe uma tendência a alterar fatos reais para tornar a história mais palatável e chapa branca ao público. Elvis não foi muito diferente. O personagem Elvis Presley sem dúvidas é um marco na história da música com boas histórias e ótimas músicas, mas o filme derrapa um pouco em abordar isso, evitando ao máximo a parte mais polêmica da vida do cantor.

O roteiro de Elvis sofre pela necessidade de fazer do filme um drama pessimista. À despeito de Elton John, que também teve uma vida de altos e baixos, mas Rocketman acaba sendo uma produção bem positiva e animada, a biografia de Elvis peca pelo pessimismo, abordando praticamente só o pior da vida do cantor.

O Tom piora ainda mais por ter o roteiro inteiro contado pela controversa figura de Tom Parker, que foi a vida inteira empresário do cantor e que através de contratos viciados conseguiu fazer da vida de Elvis um inferno. Tom Parker, sem dúvidas é o vilão da história e o roteiro deixa isso claro, mas é um pouco desconfortável ouvir toda a trama com a narração em off dele (aqui maravilhosamente bem interpretada por Tom Hanks). Não é o tipo de situação que você como espectador sentiria vontade de ouvir o vilão se explicando.

Ainda assim há alguns ótimos pontos na produção: a trilha sonora obviamente embalada pelos grandes sucessos de Elvis é impecável. Talvez até peque um pouco por não utilizar mais as músicas, masa aliada à voz de Austin Butler, o score ficou realmente espetacular. O próprio Austin é um ponto alto: sua interpretação, trejeitos e estilo ficaram perfeitos. A cena final que retrata o último show de Elvis em Las Vegas é impecável. Assistindo a comparação entre o filme e os registros é difícil até diferenciar qual de fato é o real.

No final a sensação é de que uma boa história foi contada, mas pelo ponto de vista da pior pessoa possível envolvida. Nos Oscar talvez valha uma estatueta para Austin Butler, mas Melhor Filme já é demais.

Elvis está disponível no HBO Max e nas plataformas de aluguel de filmes. O longa foi indicado a 8 Óscars incluindo Melhor Filme e Melhor Ator.

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[Maratona Oscar] – Resenha – Avatar: O Caminho da Água

13 anos depois, James Cameron tenta repetir o grande feito de Avatar e levar o espectadores novamente à Pandora. Mas alguns clichês bobos e a necessidade de deixar pontas soltas para as próximas 4 continuações atrapalham a viagem.

Avatar: O Caminho da Água tinha uma missão bem complicada: fazer o público se sentir novamente em outro planeta, sem ter o artifício da novidade que existia em 2009. A viagem até aconteceu, mas vale uma indicação ao Oscar de melhor filme?

Desde que Jake Sully se tornou um só com seu avatar de Pandora e auxiliou os Na’vi a vencerem a batalha contra os humanos, a vida no planeta seguia de forma pacata. Jake e Neytiri criam raízes com seu povo e desenvolvem uma família. Mas tudo parece estar a um ponto de ser perdido quando os terráqueos trazem novamente a guerra ao pacato povoado. E, além disso, Sully também terá que confrontar um inimigo do passado.

Não tem como falar de Avatar sem lembrar que lá em 2009 o filme cativou muito o público. Seu roteiro clássico do salvador branco que irá se mesclar ao povo nativo e será a esperança da vitória não ofuscou toda a beleza da produção, apesar da trama completamente batida e repetitiva. Toda cinematografia do primeiro filme encanta e hipnotiza, fazendo o espectador esquecer que já viu aquela mesma história alguma centenas de vezes em outros filmes. Então, dessa forma, 13 anos depois chegamos a O Caminho da Água com uma missão bem complicada de repetir a imersão do primeiro longa, apresentar personagens novos, um conflito novo, deixar pontas soltas para o grande projeto Avatar e ainda encantar o público sem ter o fator da novidade. Da pra dizer que James Cameron conseguiu? Bem… sim e não.

O Caminho da Água é muito competente em apresentar personagens novos. Toda a família de Neytiri e Sully surge na tela e encanta. Os personagens são realmente muito bons, em especial a jovem Kiri (Sigourney Weaver) que é filha da personagem feita pela mesma atriz no primeiro longa (Dra. Grace Augustine), mas não sabe exatamente como foi concebida já que sua mãe ficou em coma no final da trama. Kiri tem alguma ligação com Pandora e consegue utilizar alguns poderes especiais, mas nada que seja explicado aqui. Ficará para as continuções.

Quando surgem novamente os perigos trazidos pelos terráqueos, Jake Sully não pensa duas vezes antes de se exilar com o povo da água, os nativos de Pandora que moram próximos ao mar e tem alguma diferenças corporais aos Na’vy da floresta. Todo povo da água também é muito cativante, principalmente a líder deles, Ronal (Kate Winslet), que traz um novo (olha só o trocadilho com água) fôlego ao conflito entre família e deveres com as suas origens.

Até aí, tudo lindo. O grande problema começa quando você precisa de uma trama. Ela simplesmente não existe até o terço final do filme. A única motivação dos protagonista é a fuga da guerra. A família Sully corre por Pandora para buscar exílio com o povo da água simplesmente porque a guerra voltou e o antigo vilão da série, o general Miles Quaritch (Stephen Lang) está de volta, agora clonado num corpo de Na’vi, assim como Jake. Ora, se no primeiro filme, a família permaneceu e lutou contra até a morte, qual a diferença agora?

A resposta certa seria um temor que Jake tem por sua jovem família, mas isso é extremamente mal desenvolvido no roteiro. Vemos o personagem completamente abalado e receoso, mas nunca somos entregues de fato aos motivos. Passamos longas duas horas vendo a família treinar para se tornar digna de conviver com a tribo da água, ao mesmo tempo que vemos Quaritch entendendo seu novo corpo e dando início a uma caçado ao seu rival. Nada parece ter lógica ou levar qualquer direção que seja, até que finalmente o roteiro apresenta o grande nó da trama que envolve as baleias Pandorianas e o valor que elas tem tanto para os nativos quanto para os humanos.

A própria trama da clonagem de Quaritch é uma falha grotesca de roteiro. No primeiro filme se estabelece que Jake Sully foi integrado ao programa Avatar porque seu irmão, originalmente designado para a tarefa morreu e ele seria o mais próximo geneticamente para utilizar o corpo mestiço desenvolvido em Pandora. A chegada de Sully é um controle de danos para impedir que o projeto perca todo o investimento. E se conectar com o corpo tem consequências ao corpo humano original: a conexão era por tempo limitado, o corpo humano passava por uma exaustão mental, entre outras coisas. A união da alma de Sully com o corpo Avatar ao final do filme era algo único, até que de repente, a humanidade sabe clonar seus militares para corpos avatares que agora estão disponíveis aos montes. Chega a ser quase ofensivo a inteligência do espectador.

Simplesmente não existe como não comprar o primeiro e o segundo filme. O primeiro, apesar de clichê, tem um roteiro redondo, simples e bem desenvolvido, ao mesmo tempo que todo o visual leva o espectador ao fascínio. O segundo tem um roteiro cheio de clichês ruins (clone em 2022, sério?), repetitivo e maçante. Em certos momentos você esquece que algumas tramas e personagens existem, tamanho desorganização do argumento.

Ao longo de suas longuíssimas 3h e 12 min, Avatar: O Caminho da Água até cativa com o visual, mas esquece que, acima de tudo, um bom filme precisa contar uma boa história e trazer boas motivações aos personagens. Para um filme de Oscar, na minha opinião falhou bastante nisso.

Avatar: O Caminho da Água está disponível nos cinemas e deve entrar na grade do Disney + em abril. O longa foi indicado a 4 Óscars incluindo Melhor filme e Melhores efeitos visuais.

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[Maratona Oscar] – Resenha – Os Banshees de Inisherin

Tentando misturar drama, comédia e sátira Os Banshees de Inisherin acaba não atingido nenhum objetivo na prática.

Os Banshees de Inisherin traz uma história a primeira vista um tanto boba, mas demonstra como um situação simples escala para um ponto quase surreal e esconde diversas críticas a sociedade. Vale a indicação ao Oscar?

Na pequena e pacata ilha de Inisherin, no litoral Irlandês, num turbulento ano de 1923, dois amigos vão escalar um conflito de uma forma até então nunca vista. Pádraic (Colin Farrel) e Colm (Brendan Gleeson), amigos de longa data, começam a se desentender quando Colm resolve que não quer mais conversar com Pádraic de jeito nenhum, ainda que não exista exatamente um motivo para isso. Não ocorreu uma briga, nem desentendimento, ele apenas não quer mais ter contato com o, agora, ex-amigo.

É um pouco difícil de entender qual exatamente era a ideia de Martin McDonagh ao dirigir e roteirizar esse filme. A trama é desenvolvida fornecendo partes de drama com um conflito entre dois amigos e um confuso Pádraic que ultrapassa alguns limites para entender exatamente porque Colm não deseja tê-lo como amigo; comédia com como essa situação até bem simples escala de uma forma completamente surreal; e sátira, com uma Guerra Civil Irlandesa estourando a fundo, ao longe da pequena ilha onde se passa toda a trama.

Farell e Gleeson formam uma boa dupla de protagonistas fazendo quem assiste realmente acreditar em todas surrealidade do roteiro. Colm está tão motivado a se afastar de Padráic que em dado momento promete cortar seus dedos, caso o ex amigo fale com ele novamente. A promessa é até mais agressiva do que parece, pois Colm é violinista e explica o fim da amizade por considerá-la um atraso que o está impedindo de ser um compositor melhor. É possível se questionar se a situação toda envolve uma depressão do personagem ou simplesmente uma sensação completa de falta de propósito.

O filme com poucos cenários e personagens consegue cativar alguma curiosidade do espectador sobre como exatamente tudo se findará, se existe algum grande segredo por trás da confusão e se a promessa de Colm realmente será cumprida. Mas a graça acaba aí. Claramente, o roteiro desejava discutir temas sensíveis como depressão, guerra e até se arrisca a falar um pouco sobre a vida da mulher nessa época, personificada na irmã de Padráic, Siobhán (Kerry Condon). Mas praticamente tudo acaba ganhando um tom superficial demais. Nada é exatamente bem aprofundado e alguns assuntos extremamente sensíveis acabam se perdendo em piadas bobas e desnecessárias.

Essa grande colcha de retalhos se propunha a discutir coisas polêmicas e sensíveis, mas o roteiro e a direção não são bons o suficiente para sair do superficial. O final é aberto a interpretação, típico de uma sátira, mas até isso acaba soando um tanto clichê. Se é para elogiar algo e dizer que as quase 2 horas da trama valem a pena pode se destacar as atuações, fotografia e cenários. Mas, mesmo assim, não era algo que valia uma indicação de melhor filme.

Os Banshees de Inisherin está disponível apenas nos cinemas e foi indicado a 8 Oscars incluindo Melhor Filme, duas indicações a Melhor Ator Coadjuvante e melhor Roteiro Original.

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[Maratona Oscar] – Resenha – Nada de Novo no Front

Readaptção de clássico de guerra se vende como um filme anti violência e abusa (vejam só) de cenas violentas.

Nada de Novo no Front adapta o clássico clássico livro homônimo para as telas pela terceira vez. Outras duas produções em 30 e em 79 relembraram os horrores da primeira guerra pelo ponto de vista do front alemão e agora, novamente, a história concorre ao Oscar. Valeu a indicação?

Próximo ao final da 1ª Guerra Mundial o jovem alemão Paul Bäumer engana sua família para se alistar no exército e lutar na guerra, em busca de glória. Três amigos o acompanham, mas eles realmente não fazem a menor ideia do horror que os aguardam.

Edward Berger traz a nova versão da história alemã, vendendo a película como uma trama anti guerra. O roteiro em si até traz ótimos insights sobre a violência, a agressividade e em especial o descaso com as vidas (tanto de soldados, quanto de civis) que ocorrem durante um conflito, ainda mais algo global como a 1ª Guerra. A primeira cena em especial é bem competente em demonstrar o quanto cada soldado era descartável. A trama intercala entre várias cenas de conflitos pelo qual o personagem principal e seus amigos passam, com as negociações longe do front para o fim da Guerra, aumentando ainda mais o efeito da crítica. O cenário e a fotografia auxiliam o efeito: os grandes generais e negociadores estão sempre em lugares suntuosos e cercados de regalias, enquanto as cenas de batalhas e dos soldados sempre remetem a sujeira, lama, sangue e claustrofobia.

Mas a crítica a violência para por aí. As cenas de batalhas abusam de sadismo usando ângulos e cenas que detalham claramente ferimentos e lutas que tornam o roteiro paradoxal. Afinal, como exatamente um filme seria anti guerra, se glorifica a violência desse jeito? O desenvolvimento da trama utiliza bastante o recurso do silêncio reflexivo: cenas lentas e takes longos que deveriam trazer desenvolvimento à trama. Mas talvez tanto pelo roteiro batido e repetitivo, quanto pela falta de talento dos atores principais, acaba tendo o efeito completamente inverso. O filme fica completamente monótono. Suas aproximadamente 2h30m, demoram a passar e no final, a sensação real é de ter assistido apenas mais um filme genérico de guerra.

No final, entre uma cinematografia que até traz algumas novidades, mas com roteiro repetitivo, batido e violento além do necessário, Nada de Novo no Front acabou pegando a vaga do “filme de guerra” do Oscar em 2023. Válido? Eu acredito que não.

O filme está disponível na Netflix e concorre a 9 Oscars, incluindo Melhor filme, Melhor roteiro adaptado e Melhor Filme Internacional.

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Quase um ano depois abrimos a caixa preta para analisar o que aconteceu! Hoje Victor Rogério, Vanessa Vieira e Roberta Spindler discutem se Matrix ainda é bom e se Ressurrection faz jus ao legado.

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