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[Livros Arrombados] Resenha – A Biblioteca da Meia Noite

Auto Ajuda está muito longe de ser o gênero mais bem avaliado da literatura, mas existem livros com tramas de razoável pra bom mesclando o gênero com outros como A Cabana, A Travessia e O Alquimista. Bem… não é o caso de A Biblioteca da Meia Noite. Alerta de gatilho: depressão e suicídio.

Adorado pelo TikTok e envolvido em recentes polêmicas após uma crítica muito contundente do influencer Felipe Neto, A Biblioteca da Meia Noite traz aquele gênero de ficção com fundo bem pesado em auto ajuda. Matt Haig, aliás escreveu diversos livros de auto ajuda de não ficção até que finalmente resolveu se aventurar no “fantástico” (entre aspas, porque em dado momento ele realmente tenta transformar em ficção científica).

A trama nos leva para a mente de Nora Seed, uma mulher de 35 anos multitalentosa, mas que conseguiu realizar muito pouco (pelo seu próprio ponto de vista). Solteira, com uma vida familiar um tanto turbulenta Nora no mesmo dia perde seu emprego e seu gato, vítima de um atropelamento. Deprimida, ela resolve por um ponto final em tudo. No entanto, ela vai para na Biblioteca da Meia Noite: um lugar especial, gerido por uma pessoa de seu passado onde cada livro é uma abertura para uma vida alternativa, alterada de acordo com suas decisões. Viajando por diversas vidas, ela vira de uma pacata dona de casa, a uma grande nadadora recordista olímpica, até uma das maiores rockstars do mundo, mas, será que o que falta em sua vida, tem realmente a ver com suas decisões?

Quando você fica muito tempo num lugar, esquece como o mundo é grande e vasto. Não tem noção da extensão de suas longitudes e latitudes. Assim como, supôs ela, é difícil ter noção da vastidão dentro de qualquer pessoa.

A ideia não é nova: quantos filmes já não vimos sobre vidas alternativas ou até o clássico dos Fantasmas dos Natais passado, presente e futuro? Alterar o tempo e ver o resultado de outras decisões é tema inclusive de um ótimo filme com um grande viés de auto ajuda: Questão de Tempo. O que exatamente existe em A Biblioteca da Meia noite que despertou tanta paixão (e tanta fúria quando o livro foi criticado)?

E se A Biblioteca da Meia Noite fosse um filme e fosse bom?

Pra começar, vale destacar aqui que concordo em partes com o que o Felipe Neto disse sobre o livro. Obviamente aqui não julgamos leitores como ele fez. Se você gostou, ótimo, você está melhor que eu que gastei tempo lendo e odiei. Por outro lado “uma tragédia de literatura” e “um livro de autoajuda dos mais vagabundos” define bem o sentimento sobre depois que a leitura acaba.

A Biblioteca da Meia Noite tem problemas graves tanto do ponto literário, quanto do conceito. A trama em si é previsível, gasta tempo demais na parte de auto ajuda queimando parágrafos preciosos em frases motivacionais que simplesmente não encaixam nos diálogos. Você não consegue se convencer de que as histórias alternativas vividas por Nora realmente encaixam com as frases coach que surgem aleatoriamente nas bocas dos personagens. Os capítulos acabam ficando super arrastados, forçados e cansativos. Diálogos artificiais trazem um ponto a mais de tortura na leitura.

A única personagem cativante e bem desenvolvida de fato é a própria Nora. As pessoas que vem e vão na vida dela e até a bibliotecária que a atende quanto volta de uma das vidas estão ali só pra soltar frases de efeito. Só que o próprio bom desenvolvimento da protagonista se volta contra o livro quando analisamos o conceito. Nora está em depressão e isso é afirmado literalmente, além de deixar a mostra vários sintomas claros. Ela chega ao limite de tentar suicídio. A forma como isso é tratado é terrível. Se Nora tivesse sofrido um acidente e entrado em coma para chegar até a biblioteca, a trama até teria algum sentido e ganharia um aspecto completamente diferente.

Uma pessoa é como uma cidade. Não se pode deixar que algumas áreas menos aprazíveis provoquem uma repulsa generalizada pelo todo. Pode ser que haja algumas partes das quais você não goste, umas ruas e uns bairros perigosos, mas as coisas boas fazem o todo valer a pena.

Ter um protagonista em depressão que chega a tentar suicídio pede uma responsabilidade do autor em tratar o tema que foi completamente esquecida aqui. Matt Haig usa a doença como se fosse algo tratável com pensamento positivo e frases motivacionais como da citação acima. Você está em depressão? Vai no médico e toma remédio? Não! Escuta essa meia hora de frase de efeito aqui que você vai melhorar. O final mais óbvio possível acontece (spoilers a frente) e Nora percebe que não precisa de nenhuma das vidas que leu na Biblioteca e só precisa ser “mais positiva, não tentar seguir as expectativas de outras pessoas e seguir suas próprias vontade” e finalmente volta para sua vida original, onde sobrevive por pouco e pede ajuda para ir ao hospital.

É isso… Só isso…

Tipo… você tentou se matar e depois não tem uma recomendação de consultar um psicólogo, psiquiatra, tomar remédio… Nora chega a ser consultada por uma psiquiatra no final do livro quando ainda internada, mas que se limita a perguntar se ela já tinha tentado suicídio antes. Aliás, isso deve ser coisa de estadunidense mesmo. “Sobreviveu? Que se dane psicólogo, você não vai ter dinheiro mesmo pra consultar!”. Viva o SUS!

A desobediência é o verdadeiro fundamento da liberdade. Os obedientes serão escravos.

Por tudo isso descrito, A Biblioteca da Meia Noite é um livro terrível que consegue contrariar absolutamente todos os manuais possíveis sobre como noticiar suicídio ou tratar o assunto na ficção e recebe aqui a nota mínima possível da nossa escala e o selo de Livro Arrombado!

[Edit]: Em uma live recente o influencer Felipe Neto explicou que a intenção do post dele nunca foi criticar os leitores que gostaram do livro e sim pessoas que se dizem entendedoras de literatura e divulgam A Biblioteca da Meia Noite como alta literatura. Nesse ponto aí eu inclusive concordo com ele.

Sinopse Completa

Aos 35 anos, Nora Seed é uma mulher cheia de talentos e poucas conquistas. Arrependida das escolhas que fez no passado, ela vive se perguntando o que poderia ter acontecido caso tivesse vivido de maneira diferente. Após ser demitida e seu gato ser atropelado, Nora vê pouco sentido em sua existência e decide colocar um ponto final em tudo. Porém, quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, Nora ganha uma oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido.

Neste lugar entre a vida e a morte, e graças à ajuda de uma velha amiga, Nora pode, finalmente, se mudar para a Austrália, reatar relacionamentos antigos – ou começar outros –, ser uma estrela do rock, uma glaciologista, uma nadadora olímpica… enfim, as opções são infinitas. Mas será que alguma dessas outras vidas é realmente melhor do que a que ela já tem?

Em A Biblioteca da Meia-Noite, Nora Seed se vê exatamente na situação pela qual todos gostaríamos de poder passar: voltar no tempo e desfazer algo de que nos arrependemos. Diante dessa possibilidade, Nora faz um mergulho interior viajando pelos livros da Biblioteca da Meia-Noite até entender o que é verdadeiramente importante na vida e o que faz, de fato, com que ela valha a pena ser vivida.

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Resenha – Heróis de Novigrath – Roberta Spindler

Queria ler algo que misturasse games, fantasia e uma pitada de ficção científica? Esse é o livro da vez! Heróis de Novigrath foi lançado em 2018. Li na época e terminei na véspera da sessão de autógrafos com a Roberta. Relendo em 2022 o livro envelheceu perfeitamente, como um bom vinho!

Eu sou gamer, então de cara, ver um livro misturando fantasia, e-sports e os MOBA’s (Multiplayer Online Battle Arena, games como League of Legends e DOTA) que estavam um pouco mais em voga na época do lançamento, já me animou bastante. Sou fã também dos livros da Roberta. Desde lá atrás li Contos de Meigan: A Fúria dos Cartagos, li A Torre Acima do Véu e também já parei pra procurar todos os contos dela disponíveis na Amazon e em coletâneas. Estava formado o cenário para um ótimo livro.

No trama conhecemos Heróis de Novigrath, uma febre mundial dos e-sports que arrebata multidões, tanto para jogar quando para assistir os campeonatos. O que ninguém sabe (e o personagem em destaque, Pedro, está para descobrir) é que toda essa paixão e, de certa forma, até fanatismo, está alimentando o universo do game fazendo-o se tornar cada vez mais real (numa coisa meio Deuses Americanos).

Somos apresentados, a seis personagens principais, cada um com sua história, desenvolvimento e interligação com a trama principal, existindo inicialmente um destaque para Pedro: jogador que fracassou na carreira e hoje ele vive de bicos e de algumas lives. Até que ele recebe a visita de Yeng Xiao, seu personagem preferido do game que lhe explica que Novigrath e o mundo real estão se interligando graças a paixão pelo jogo, e que vê em Pedro seu representante para defender o clã dos Defensores de Lumnia (uma das facções do game). Pedro agora deve juntar sua equipe e lutar para defender o mundo real e seu clã.

A primeira coisa que você deve saber sobre o texto é: por mais que você desconheça completamente sobre o universo de vídeo games, o livro vai funcionar da mesma forma. Uma coisa que a Roberta soube fazer muito bem foi situar o leitor no universo que ela está apresentando. Logo no início ela gasta (ou investe?) algumas páginas para demonstrar exatamente como funciona o game, apresentar os heróis e as dinâmicas. Pra quem já é mais familiarizado com e-sports a descrição pode soar um tanto estranha, mas ela é foco apenas no começo do livro.

Destaque para os personagens: apresentar e desenvolver 6 heróis diferentes e diversos em pouco menos de 300 páginas não era um trabalho fácil e a autora faz com maestria. Melhor ainda é o próprio Pedro que funciona quase como o Nick Fury da vez juntando seus próprios vingadores. Aliás, como o livro se passa no Brasil, também é natural uma boa diversidade de personagens: o livro tem grande representatividade entre variadas etnias, orientações sexuais e gêneros e isso funciona em alguma partes como motor da trama.

Se for para criticar algo, talvez seja a progressão dos primeiros capítulos. O início é mais lento, mas nada que prejudique a obra, até porque a Roberta tem um estilo de repentinamente fazer a trama sair da primeira para a quinta marcha. Então se você começar a leitura e achar devagar, aproveite e respire… é possível que na próxima página tudo esteja virado de cabeça para baixo.

Em resumo, o livro é uma fantasia urbana, focada em games que promete ótimos personagens, representatividade e grandes viradas de trama. É um ótimo exemplar do gênero e com certeza tem que estar na prateleira de qualquer fã do gênero de fantasia.

SINOPSE OFICIAL

Heróis de Novigrath é mais do que um jogo de computador. É um esporte. Uma paixão mundial que atrai milhões de torcedores fanáticos para estádios, banca equipes famosas e leva seus jogadores do chão ao topo — e vice-versa. Pedro sabe bem como uma carreira pode desabar de uma hora para a outra. Heróis de Novigrath ainda é seu grande amor, mas seus dias de glória terminaram.
Ou é o que ele pensa, até receber a visita de Yeng Xiao — seu herói favorito do game. Quando o guerreiro se materializa em sua casa, Pedro acha que perdeu o juízo, mas a verdade é que HdN é mais real do que ele poderia imaginar. Ao redor do mundo, jogadores alimentam o game com sua paixão e, sem saber, com sua energia vital. Agora, os monstros da terra de Novigrath estão a um passo de invadir o nosso mundo, e os Defensores de Lumnia precisam de um time que possa restaurar a força do lado dos heróis.
Pedro já deixou que sua ambição o derrubasse uma vez, mas Xiao tem certeza de que ele é a pessoa certa para montar o novo time. Por todo o país, cinco jovens mal imaginam a missão que os aguarda. Heróis de Novigrath é muito mais do que um jogo — é o futuro de todos eles.

Quer saber mais sobre a autora? Já a entrevistamos no podcast!

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Resenha – Lightyear

História clássica do herói perdido no tempo está (vejam só) perdida no tempo.

Toy Story é talvez a franquia mais bem estabelecida da Pixar, desde seu lançamento. Acumulando uma trilogia perfeita, um quarto filme bem do seu mais ou menos e vários curtas geniais, muito já acreditavam que franquia não tinha mais como ser aproveitada. A Pixar então resolveu por isso a prova desenvolvendo um spin off de Buzz Lightyer que representaria o filme que Andy assistiu lá em 1995 e o fez se apaixonar pelo brinquedo. Será que a aposta deu certo?

Estamos no espaço. A equipe do Comando Estelar está viajando a procura de um planeta habitável quando alguns contratempos fazem com que toda a tripulação fique presa num planeta hostil devido a um erro de cálculo de Buzz. Obcecado por corrigir seu erro e tirar toda a tripulação do planeta desconhecido, Lightyear aceita participar da missão para tentar criar um combustível e tirar todos de lá com os recursos do próprio planeta. Mas há um porém: cada vez que o patrulheiro voa e se aproxima da velocidade da luz o tempo avança mais lento para ele. Em sua primeira missão de testes, para ele se passaram minutos e para os que ficaram no planeta, se passaram 4 anos. Será que o patrulheiro conseguirá salvar sua tripulação mesmo assim?

Lightyear até tem uma proposta interessante. Na verdade várias. Inicialmente o planeta onde a tripulação cai é uma ameaça com seus insetos gigantes e um flora que tenta atacar a todos. Mas em seguida existe outro conflito: o do tempo. A la Interestelar, Buzz parte em várias missões em que o tempo passa muito mais rápido para todos que para ele. E ainda surge uma terceira ameaça no segundo ato: Zurg. Sem decidir exatamente qual trama deseja seguir, o roteiro se perde indefinidamente. Obviamente a missão era difícil. Tentar transformar todas as informações que temos de Buzz Lightyear, vistas pelos olhos de uma criança, num filme sério, era bem difícil. Mas dá para dizer que a Pixar falhou, não miseravelmente, mas falhou.

Talvez a maior e mais básica falha é que não é um filme de criança. Ou pelo menos não seria o filme que uma criança dos anos 90 se interessaria. Alias, nem um filme dos anos 90 é. Não tem absolutamente nada na trama, trilha sonora, design, roteiro que remeta a essa época. O roteiro é um hard sci-fy que provavelmente passaria no circuito alternativo e seria esquecido. No máximo se tornaria um cult anos depois, tipo Blade Runner (ok, tô exagerando).

Apesar disso o grande trunfo (e o que faz o filme não ser um desastre) são os personagens de suporte. Lightyear é retratado aqui um tanto babaca (até porque o brinquedo também era assim), mas ao mesmo tempo funciona como contraste à sua companheira de equipe: Alisha. Ela aliás é a personagem que protagoniza o “tão polêmico” beijo lésbico do filme com sua esposa (conservadores, vão lavar uma louça, por favor!).

Alisha representa uma sabedoria que Buzz resolve ignorar e faz um perfeito contraponto a ele que, de tão preso na missão, não vê que a vida está passando. Quando entramos no segundo ato e conhecemos a nova equipe de Lightyear vemos um contraponto feito de forma diferente. Todos são inexperientes e precisam lidar com um Buzz arrogante que os acha desnecessários. Em especial a personagem Izzy que tenta sempre trazê-lo de volta à Terra (ou ao planeta desconhecido?) quando ele está demais. Destaque também para Sox, o gato robô que talvez seja o melhor personagem do filme.

Há ainda a aparição do Zurg que não detalharemos muito, para evitar spoilers mais pesados. Mas vale dizer que também era um dos pontos mais difíceis da adaptação. Se lembram bem, em Toy Story 2, revela-se que Zurg é o pai de Buzz Lightyear (uma clara piada em referência a Star Wars Episódio V: O Império Contra Ataca). Em Lightyear foi preciso adaptar isso, mas foi uma das coisas que menos funcionou (pelo menos na minha opinião).

Enfim, entre tramas perdidas não desenvolvidas, identidade visual genérica e um roteiro sem carisma nenhum, Lightyear consegue ser mais um filme genérico de ficção científica. Um Interestelar de segunda que tenta emular emoções parecidas, mas não consegue chegar nem perto. O filme entrou no catálogo do Disney + ontem. Vale a pena assistir pelo streaming, talvez. Mas meu ingresso de cinema mesmo considero um prejuízo.

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Resenha – Terra de Paixões – Saulo Sisnando

Terra de Paixões foi o livro que eu usei recentemente para sair de uma ressaca literária. Sabe como é? Pandemia, isolamento social… um grande bloqueio com leituras é algo até bem natural. Voltei recentemente com esse romance (que eu já havia começado há algum tempo, mas acabei ficando bem ruim com as leituras em geral) e foi uma ótima forma de voltar às páginas.

Você acha que a capa lembra um pouco aqueles romances de banca? Pois bem, é intencional. Terra de Paixões mistura um pouco de erótico (veja bem, sensual, não hot. Tem muita sensualidade, mas não é explícito), com romance de banca, amores ideais e protagonizado por dois homens! Sim, é um romance gay.

Começamos conhecendo Enrico, um jovem que está num badalado reality show de moda sob o pseudônimo de Lorenzo Dalledone. Ele é herdeiro de uma família de grandes posses no ramo metalúrgico, mas devido há vários acontecimentos está afastado do pai, Salvatore, e não deseja utilizar a fama da família para seguir sua carreira na moda. Muito tempo atrás uma cartomante previu que Enrico um dia encontraria seu grande, mas num momento em que estaria muito fraco e em perigo. Mais a frente conhecemos também Bernardo, um jovem cowboy que há muito tempo foi prometido em casamento à Catiana, filha do dono da propriedade vizinha de onde sempre morou. A união garantiria o controle total daquelas terras e, apesar Bernardo sempre tê-la amado, nunca foi exatamente de um jeito romântico.

Devido a um trágico acidente e várias reviravoltas, Enrico e Bernardo acabam se conhecendo e criando um laço que nenhum dos dois havia sentido antes. Só que para viver esse amor eles vão precisar ultrapassar várias barreiras e perigos.

O autor do livro, Saulo Sisnando, também dramaturgo, roteirista e ator e você consegue enxergar essas nuances se desenvolvendo no texto do livro. Terra de Paixões é acima de tudo um romance, mas tem muito de drama (as 5 últimas páginas são quase um thriller) e alguns toques de comédia. Quem ler, vai ser entregue a diversos tipos de emoções a medida que a história vai se desenvolvendo.

Os personagens são muito bons. Tanto os protagonistas quanto os coadjuvantes conseguem receber grandes nuances, as vezes em pouquíssimas frases. No final, alias (não se preocupe, não é spoiler) cheguei no nível de pegar ranço de um personagem, como há muito eu não pegava. Outro exemplo é a mãe de Bernardo, Bárbara, um personagem que aparece e em poucas páginas já cativa. No fluxo da leitura você consegue rapidamente compreender tudo que se passa com ela.

A única coisa que acabou me incomodando um pouco é que talvez tenha sobrado muitas pontas soltas para serem resolvidas nos dois últimos capítulos. Uma chatice minha eu sei, porque é um livro onde o foco é o romance.

Em resumo, romance gay de primeira, com garantia de fortes emoções e com grandes personagens!

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Dois homens comuns, duas vidas completamente distintas, uma única e avassaladora paixão. Enrico é um rapaz da cidade com um futuro promissor no mundo da moda. Bernardo é um jovem cowboy aprisionado a uma promessa da adolescência. Quis o destino, entretanto, que um trágico acidente conectasse a vida destes dois seres sozinhos. Inspirado no universo dos livros de banca, o premiado escritor Saulo Sisnando nos presenteia com uma história apaixonada e rasgadamente romântica, cheia de intrigas, perseguições, paixões à primeira vista, amores proibidos e beijos ao pôr-do-sol. Neste universo açucarado e novelesco, tudo é possível e qualquer reviravolta será permitida desde que o autor termine essa história com um belo “…e viveram felizes para sempre”.

Quer saber mais sobre o autor? Ano passado nos tivemos uma entrevista com ele no podcast!

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Resenha: O Guia do Mochileiro das Galáxias – Douglas Adams

Hoje é o dia da toalha e nada melhor que falarmos um pouco sobre o livro que deu origem a essa comemoração. Você já leu O Guia do Mochileiro das Galáxias? Publicado originalmente de 1979, o livro já virou audiodrama, filme, peça de teatro e pavimentou muito do que hoje é a cultura nerd, além de ser uma das maiores peças da literatura do humor inglês.

A trama não podia ser mais louca. Inicialmente dividia em duas histórias: a primeira  começa “muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia”, mais precisamente na Terra. Era para ser um dia bem comum na vidinha pacata (e inglesa) de Arthur Dent, não fosse o fato de que o conselho municipal resolvera demolir sua casa para a criação de um desvio. E apesar de toda a sua argumentação de que não havia sido avisado da demolição, ou de que não tivera chance alguma de reverter o fato, os operários insistiam que a casa devia ser demolida.

— O senhor teve um longo prazo a seu dispor para fazer quaisquer sugestões ou reclamações, como o senhor sabe — disse o Sr. Prosser.
— Um longo prazo? — exclamou Arthur. — Longo prazo? Eu só soube dessa história quando chegou um operário na minha casa ontem. Perguntei a ele se tinha vindo para lavar as janelas e ele respondeu que não, vinha para demolir a casa. É claro que não me disse isso logo. Claro que não. Primeiro lavou umas duas janelas e me cobrou cinco pratas. Depois é que me contou.
— Mas, Sr. Dent, o projeto estava à sua disposição na Secretaria de Obras há nove meses.
— Pois é. Assim que eu soube fui lá me informar, ontem à tarde. Vocês não se esforçaram muito para divulgar o projeto, não é verdade? Quer dizer, não chegaram a comunicar às pessoas nem nada.
— Mas o projeto estava em exposição…
— Em exposição? Tive que descer ao porão pra encontrar o projeto.
— É no porão que os projetos ficam em exposição.
— Com uma lanterna.
— Ah, provavelmente estava faltando luz.
— Faltavam as escadas, também.
— Mas, afinal, o senhor encontrou o projeto, não foi?
— Encontrei, sim — disse Arthur. — Estava em exibição no fundo de um arquivo trancado, jogado num banheiro fora de uso, cuja porta tinha a placa: Cuidado com o leopardo.

Eis que surge o melhor amigo de Arthur, Ford Prefect (que descobrimos não ser exatamente um humano, mas sim, um alienígena nascido em Betelgeuse) que resolve levá-lo para tomar algumas cervejas, apesar da iminente destruição da casa. Ao chegarem no bar, Ford conta a Arthur que talvez não seja necessária tanta preocupação com sua casa, afinal, a Terra inteira seria destruída dali a alguns minutos. Os Vogons, uma raça de alienígenas burocráticos, também estava interessado em fazer um desvio para uma grande via pela galáxia e, infelizmente a Terra estava bem no meio do caminho. E você que estava imaginando que a Terra seria o cenário dessa aventura, ledo engano, ela é destruída logo no início do livro.

A segunda parte de história começa do outro lado do universo, onde o presidente do Governo Imperial Galático, Zaphod Beeblebrox, estava participando da inauguração de uma nova nave: a Coração de Ouro. Movida com um Motor de Improbabilidade Infinita, um item único. Zaphod chegou ao cargo de presidente, apenas para poder chegar perto dessa nave e roubá-la e é exatamente isso que ele faz. Consigo acompanha uma humana: Trillian, que o ajuda a fugir e controlar a Coração de ouro para um objetivo bem específico. As histórias de Arthur, Ford, Zaphod, Trillian e Marvin (o robô altamente inteligente e maníaco depressivo, pertencente ao comando da nave Coração de Ouro) se interligam quando Arthur e Ford estão em grande perigo, soltos no espaço e o Motor de Improbabilidade Infinita da nave acaba por salvá-los.

Mas agora, você deve estar de perguntando, por que raios o nome do livro é O Guia do Mochileiro das Galáxias? Muito simples: Ford, é um colaborador de um livro muito conhecido pela galáxia inteira chamado O Guia do Mochileiro das Galáxias. Ele é um repositório onde todos os verbetes do universo podem ser consultados em qualquer língua conhecida ou desconhecida. Ford estava na Terra para realizar algumas atualizações de verbetes (o da Terra por exemplo foi atualizado de “Inofensiva” para “Praticamente inofensiva”). E é justamente o Guia que traz os maiores fatores non-sense para a trama do livro.

(…) É também a história de um livro, chamado O Guia do Mochileiro das Galáxias – um livro que não é da Terra, jamais foi publicado na Terra e, até o dia em que ocorreu a terrível catástrofe, nenhum terráqueo jamais o tinha visto ou sequer ouvido falar dele. Apesar disso, é um livro realmente extraordinário.
Na verdade, foi provavelmente o mais extraordinário dos livros publicados pelas grandes editoras de Ursa Menor – editoras das quais nenhum terráqueo jamais ouvira falar, também. O livro é não apenas uma obra extraordinária como também um tremendo best-seller – mais popular que a Enciclopédia Celestial do Lar, mais vendido que Mais Cinqüenta e Três Coisas para se Fazer em Gravidade Zero, e mais polêmico que a colossal trilogia filosófica de Oolonn Colluphid, Onde Deus Errou, Mais Alguns Grandes Erros de Deus e Quem É Esse Tal de Deus Afinal? (comentário: Douglas Adams era extremamente ateu).
Em muitas das civilizações mais tranqüilonas da Borda Oriental da Galáxia, O Guia do Mochileiro das Galáxias já substituiu a grande Enciclopédia Galáctica como repositório-padrão de todo conhecimento e sabedoria, pois ainda que contenha muitas omissões e textos apócrifos, ou pelo menos terrivelmente incorretos, ele é superior à obra mais antiga e mais prosaica em dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, é ligeiramente mais barato; em segundo lugar, traz impressa na capa, em letras garrafais e amigáveis, a frase NÃO ENTRE EM PÂNICO .

A trama do livro é bem louca (dando uma resumida absurda). Zaphod tem um plano que ele mesmo não sabe de onde veio, pois ele próprio apagou da sua memória o motivo para estar executando. Mesmo assim ele rouba a nave Coração de Ouro e parte junto dos outros personagens em uma missão que a cada página vai ser tornando cada vez mais desvairada. Ao mesmo tempo, o texto é intercalado com quotes do que seriam os verbetes do Guia do Mochileiro das Galáxias. Vemos a definição de amor (“geralmente doloroso. Se puder evite-o”), sobre o álcool (“o melhor drink que existe é a dinamite pangalática”) e até sobre toalhas (“é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar”).

Mas os mais interessante do texto de Douglas Adams é o sarcasmo. A trama em si e até o Guia servem de pano de fundo para um grande crítica que ele faz a uma enormidade de coisas. E é essa crítica sarcástica, metafórica e louca que é o principal ouro do livro. Eu poderia passar mais algumas horas escrevendo aqui sobre o livro e não seria suficiente pra falar sobre tudo que ele descreve na enormidade de 208 páginas, por isso eu realmente recomendo que todo mundo leia. Até porque ele é bem rápido. Uma vez que você comece a ler, é bem difícil parar.

Vale lembrar que a série completa foi publicada pela Arqueiro em 5 volumes e também numa edição única que reúne os 5 livros em um só

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Resenha: The Batman

Talvez a franquia mais antiga de super heróis, começada lá em 89 (isso se contarmos apenas os cinemas, pois Adam West já brilhava na TV muito antes disso) com o longa de Tim Burton, o Homem Morcego volta mais uma vez aos cinemas prometendo algo novo. Mas como exatamente uma franquia de mais de 30 anos sobre um herói que já existe a mais de 80 poderia se renovar? Matt Reeves responde a altura com The Batman.

Não há como negar que o Batman já passou pelas mãos mais variadas no cinema ao longo de todos esses anos. Começado numa origem até bem gótica, mas um tanto caricata; passando pela versão totalmente colorida e galhofeira; por um herói mais realista; uma tentativa de reproduzir o tanque de guerra humano dos vídeo games para as telas de cinema; e até por numa versão Lego. O que exatamente ainda faltava vermos? Sim, pessoal, faltava voltarmos às origens do herói e vermos um detetive.

O filme e o roteiro não tentam fingir que essa não é uma história de super heróis, mas Matt Reeves traz uma direção com uma boa pegada de neo noir. Não estranhe se você sentir semelhanças com filmes como Seven ou Zodíaco (clássicos de investigação) porque parece que a ideia era essa mesma. A dinâmica Batman, Gordon e Charada traz muitas semelhanças com David Mills, William Somerset e John Doe.

O Homem Morcego de Robert Pattinson (de O Farol) aqui é apresentado com um vigilante ainda iniciante. No ano 2 de sua jornada, Bruce Wayne ainda é totalmente atormentado pela morte dos pais e, de dia, segue uma vida reclusa. Com poucas aparições públicas e zero importância a fortuna e legado de sua família, Bruce está obcecado por sua jornada como uma sombra da noite que traz medo ao crime. E, mesmo assim, em sua fala inicial, ele admite que não está funcionado, com a criminalidade e a corrupção imperando cada vez mais em Gotham.

Jeffrey Wright (de Westworld e 007 – Sem tempo para morrer) apresenta Gordon como um policial já mais experiente, mas ainda não comissário. Ele é quem concede acesso ao Batman a cenas de crimes (a despeitos dos outros policiais que não confiam no homem morcego) e, aparentemente, é dele a ideia do bat sinal (que nessa versão não fica na delegacia, mas sim num prédio abandonado. A dinâmica de trabalho dos dois funcionou muito bem como um filme de investigação clássico da dupla composta por um veterano e um novato (ares meio Máquina Mortífera). Em alguns momentos eles agem inclusive como good cop e bad cop.

E finalmente chegamos ao Charada de Paul Dano (de 12 anos de Escravidão e Os Suspeitos). Não vemos nele nada muito surtado no estilo da contraparte interpretada por Jim Carrey em Batman Eternamente. Até a cor verde, muito ligada ao personagem, é praticamente esquecida aqui. Na essência, o personagem soou muito como um incel sociopata (redundância?). Seu assassinatos são bem planejados, ligados todos por charadas endereçadas principalmente ao Batman (aliás parabéns à galera da tradução que conseguiu localizar as charadas para o português) levando você a duvidar exatamente sobre a intenções do vilão em vários momentos. Ele parece ser um mestre dos segredos e ter controle de tudo, mas em algumas vezes perde completamente o controle, coisa que faz você sentir que os protagonistas estão realmente em perigo.

O elenco de suporte não fica para trás. Podemos destacar principalmente Zoe Kravitz (Selina Kyle/Mulher Gato), Colin Farell (Pinguim), John Turturro (Camine Falconi) e Andi Serkis (Alfred). Todos com ótimas atuações e cada um deles com sua trama bem desenvolvida. Se tem algo que The Batman conseguiu fazer foi apresentar bem todos os personagens, manter a linha de pensamento do roteiro e não ficar chato. Destaque, aliás, para a química do Batman com a Mulher Gato. Zoe e Robert entregaram algumas das cenas mais perfeitas já feitas com a dupla.

A trama tem grande foco nesses sete personagens principalmente entrelaçando a corrupção de Gothan (que remonta aos tempos da infância de Bruce e à morte de seus pais) com os mistérios e assassinatos do Charada. O fio de investigação comanda o roteiro e através dele somos levados a várias reviravoltas surpreendentes e ótimas cenas de ação (a apresentação do bat móvel é simplesmente perfeita). Fora isso, Matt Reeves conseguiu também atualizar a trama de um super herói de 80 anos discutindo diversas problemáticas sociais como concentração de renda, radicalização, liberação de armas e como o próprio Batman é parte do problema de Gotham. Tudo isso num filme de quase 3 horas, que garantimos, não fica repetitivo.

É preciso também destacar a parte técnica da produção. Finalmente temos um filme do Batman que, apesar de usar a escuridão em sua fotografia, é possível enxergar durante as cenas. A escuridão serve ao roteiro e não está lá apenas para disfarçar efeitos visuais ruins (como tem acontecido bastante nos últimos filmes de heróis). Muito da ação foi produzido com efeitos práticos, então as explosões são bem reais. A trilha sonora do Michael Giacchino (que também esteve em, veja só, Homem Aranha: Sem Volta para Casa) é épica. Boa parte da emoção vem através dela.

No geral é um filme que surpreende por conseguir renovar um herói que já foi representado por 6 atores diferentes trazendo algo novo de onde parecia não ser possível inovar (vide os filmes do Ben Affleck). Se você puder, assista num cinema ou no lugar em que for possível ouvir o som da melhor forma possível. Vale muito a pena.

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Resenha – Mapas do Acaso

Mapas do acaso é o primeiro livro da Carol Lima e já está disponível digital na Amazon. Como já foi dito aqui, é um livro ótimo pra começar o ano de 2021!

Esqueçam corona, pandemia e lockdown. Tudo isso já passou! Lua é uma autora iniciante que foi inscrita a força por sua amiga, Roberta, no concurso da maior convenção literária do mundo, a FictionCon. Mesmo já vacinada, Lua reluta muito em viajar para Nova York para participar da convenção, mas acaba cedendo a pressão de sua amiga. Lá, ela vai ser surpreendida com alguma coisas inesperadas, incluindo um italiano (muito) gostoso! E, apesar de achar que logo no início da viagem ela já passou por tudo, até o último dia em Nova York ainda guarda várias surpresas para ela!

Mapas do acaso é aquele livro pra ler bem rápido. Curtinho, com texto bem fácil, você não vai ver as horas passarem. Sem tantos personagens, você passa uns 80% da trama na companhia de Lua e Matteo (o italiano). Apesar da trama ter muito daquele romance bem clichê, ainda há boas reviravoltas esperando por você.

Quem já é fã de romances com certeza vai adorar e quem não é, é uma ótima porta de entrada para o gênero!

Nota máxima!

Sinopse Oficial

Um ano e cinco meses é período que Lua não sai de casa desde decretada a pandemia. Não que ela já saísse com frequência antes de tudo acontecer, mas agora ela precisa pegar um avião lotado para o outro país e participar da FictionCon, a maior convenção literária do mundo, onde seu primeiro livro está entre os finalistas de um concurso.
No momento ela só quer esganar a sua melhor amiga por ter inscrito seu livro sem ela saber, ter convencido ela de embarcar e fazer o possível para não se contaminar ou surtar durante do voo.
O que ela não espera é em uma cidade do tamanho de Nova York esbarrar duas vezes com Matteo, um italiano muito sedutor, e que ele vire seu companheiro de aventuras por três dias nessa viagem que apesar de tudo é a viagem dos seus sonhos.
Entre passeios por museus, cidades apaixonantes e beijos roubados, Lua não imagina que depois desses dias a sua vida vai mudar completamente.

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Resenha – Saga da Morte: Um Convite no Fim

Recebi o Um Convite no Fim como uma grata surpresa. Inicialmente estava esperando algo mais terror (meio que pela sinopse mesmo) mas no final o que acabei tendo foi um ótimo livro que consegue mesclar um pouco de fantasia com horror começando até muito pé no chão, mas que soube soltar o freio de um jeito que eu tomei até um susto. Mas vamos com calma e começar do início…

Vito é um garoto que conviveu com a morte a vida toda. Sua mãe morreu logo que ele nasceu e desde sempre ele convive com uma doença que sabe que vai ceifar sua vida em algum momento, talvez do nada. Sem muitas opções, seu pai, o Dr. Gallucio, se mudou com ele para a cidade de Gurupi no Tocantins onde eles tentam levar uma vida o mais próximo do normal. Sempre preocupado com seu pai e amigos, Vito vive em uma corda bamba. O problema todo é que quando quando a hora finalmente chega, o garoto descobre que a morte não é exatamente aquilo que ele imaginou e, no momento derradeiro, recebe um convite inusitado. Ao tomar uma decisão rápida, sem pensar muito, ele não imaginava em como iria envolver seu pai e amigos e uma enorme batalha.

Como eu falei, Um convite nas sombras, começa completamente pé no chão. Vito tem uma vida normal de adolescência e escola, permeada pelo problema de saúde que tem no coração. Ele está sempre preocupado com como exatamente seu problema afeta a vida do pai (que trabalha muito tentando manter a casa e o tratamento) e os amigos e acaba ocultando de todo mundo que nos últimos tempos começou a ter algumas alucinações.

Tudo vira de cabeça para baixo quando Vito “morre”. Ou quase isso. Na verdade ele tem uma crise bem grave do coração e fica em coma por algum tempo. Durante o coma ele descobre que a morte não é exatamente uma entidade só e sim toda uma organização (a Ipsis Morten) que já foi representada por todos as divindades diferentes relativas a morte das mais variadas culturas e que, atualmente tem representantes cada cidade no mundo. Ele conhece inicialmente Néftis, uma garota linda que o acompanha no limbo e que é um pouco difícil de entender o que é e o que faz; e conhece também Cesar, um representante misterioso da Ipsis Morten que propõe a ele se tornar um ceifador em troca de receber a cura para sua doença. A grande questão é que esse contrato tem uma quantidade enorme de poréns que não ficam bem claros, e Vito aceita mesmo assim.

Ao longo do livro a trama sai de um drama familiar para algo completamente louco fantástico. Quando Vito começa a entender realmente o que é o trabalho como ceifador, além de começar a entender o mistério por trás da Ipsis Morten e de César, várias batalhas vão se sucedendo e algumas acabam sendo bem violentas e agressivas. O sistema de magia do livro é até bem complexo, mas não é difícil de entender. A criatividade pra criação de lutas completamente malucas é um ponto alto do autor.

Se eu puder criticar algo no livro talvez seja o excesso de necessidade do foco na jornada do herói. Em dado momento (não se preocupe, sem spoilers) Vito recebe um desafio que eu achei que talvez tenha sido demais para ele e ele acaba precisando de uns artifícios um tanto roubados (apesar de bem interessantes para uma batalha mágica). Fora isso, no geral, é um livro bem fluido com uma trama bem criativa.

O livro termina num gancho, então imagino que tenha continuação no futuro. Aliás, que gancho. A trama da uma volta de cabeça pra baixo, algo que eu realmente não estava esperando.

Sinopse Oficial

Vito quase perde a vida, mas recebe a oferta de continuar na morte. Dentre seus devaneios ele encontra quem poderia ser a mulher dos seus sonhos, caso ainda os tivesse. Uma decisão precisa ser tomada. Seguir os humanos que limpam o mundo ou a garota.
Intrigas além vida deixam Vito em situações inusitadas e transformam o caminho de qualquer leitor em uma empolgante e jovial aventura. Encontros surpreendentes, reviravoltas e o poder do passado sobre um falecido que está vivo. Uma junção de sentimentos e sensações que apenas “Um Convite no Fim” pode proporcionar.

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